Eu estava dando uma volta em Nova Iorque, próximo do SoHo, em busca de lojas de discos secretas, onde eu pudesse encontrar gravações amadoras de shows ou cds raros de alguns de meus artistas favoritos. Quando virei em uma rua lateral, eu me vi parado em frente a um pequeno café chamado “Tea & Sympathy”.
Eu ainda não tinha vivido uma vida inteiramente abrigada até aquele momento. Certamente, nos poucos anos anteriores, eu já havia visto e passado por muita coisa, mas não entendia que “Tea & Sympathy” era uma referência a um filme.
Simplesmente pensei ser uma organização fantástica de palavras. Algo a respeito do amargor do chá e doçura da simpatia me fez guardar bem aquela frase, para usá-la caso eu escrevesse outra música em minha vida.
Algumas histórias em torno do Jars of Clay são um mito. Algumas cresceram mais que a banda.
Na verdade, nós não fizemos uma turnê completa com o Sting. Fizemos três shows no Texas na Turnê “Mercury Falling World”. E pra falar a verdade, o dia em que tocamos em Austin, TX, ao meu ver, foi um dos destaques da carreira do Jars of Clay.
Eu me lembro de ter visto o Sting a nos observar do lado do palco, ao mesmo tempo que eu estava embasbacado com as 20.000 pessoas nos aclamando de pé. Não era o que eu esperava de uma multidão de conhecedores de música como aquela.
Aqueles três shows sem dúvida pavimentaram o caminho para mais uma grande experiência. O gerente do Sting, Miles Copeland, tinha um castelo na região de Bordeaux, France. Todos os anos, eles costumava convidar compositores do mundo inteiro, para se reunirem e investirem tempo em composições para vários projetos musicais e comerciais. Aos 23 anos, eu me senti intimidado.
Stephen Mason e eu viajamos para a França e passamos uma longa semana de encontros com alguns dos melhores compositores do mundo: Carol King, Paul Carrack, Mark Hudson, Greg Wells, Pat McDonald, Gary Burr e Maia Sharp estavam entre os ilustres convidados.
Isso foi, no mínimo, inspirador. Durante nossa estadia, bebi mais vinho e cerveja do que eu já havia bebido em toda a minha vida até aquele momento. Foi mais para provar que eu não era um frangote. Eu confessei a um compositor rústico irlandês, Paul Brady, que eu havia experimentado uma bebida “shandy” na viagem de trem para lá. Imediatamente ele me chamou de “frangote de merda.”
Pelo visto aquela bebida são o equivalente à Shirley Temple nos EUA. Logo, beber muito era o plano. Dê-me um desconto, eu me impressionava e nem tinha chegado aos meus vinte e poucos. Além do mais, o vinho era Francês e maravilhoso.
Na maior parte do tempo, eles me separaram do Stephen Mason, mas houve um momento em que ficamos juntos. Mark Hudson, que é famoso por seu trabalho com Aerosmith, Bon Jovi e Ringo Starr, se juntou a nós e as palavras começaram a fluir.
Talvez tenha sido o vinho, ou a atmosfera, ou o encontro tarde da noite, ouvindo compositores sussurrar suas melhores canções tristes sobre amores perdidos. Foi o bastante para inspirar a letra do que se tornaria “Tea & Sympathy.
A música é uma de minhas preferidas em termos de letra, pelos trocadilhos de palavras e por quão arriscado era entrar em novo território, da perspectiva de composição.
É uma música sobre relacionamento. Ter ficado muito próximos do principal compositor e intérprete de “Tempted” provavelmente influenciou a direção que seguiríamos.
Na verdade, não quero ficar falando muito mais sobre verso por verso da música, pois apenas sabendo que se trata de uma relação, provavelmente já é o bastante para pegar o contexto e entender as outras metáforas.
O refrão fala sobre escolhas. “Não me deixe por causa de seu rancor”. “Não fique se for por pena de mim”.
Sempre achei que sustentar um relacionamento dói mais no coração do que fisicamente. Às vezes pode ser ambos. Esta música é como um peça. O cenário é um pequeno café, os atores são duas pessoas n'um encontro, para discutir o futuro de seu tênue relacionamento. A terceira pessoa é a garçonete, ou a outra garota.
Eu ouvia muito Crowded House naquela época e conheci Del Amitri, portanto o sentimento na música sem dúvida foi influenciado por essas bandas. Minha voz havia sofrido graves danos de alguns anos de canto em excesso e muitas injeções de esteroides e mau uso de minhas cordas vocais… portanto Neil Finn (do Crowded House) era uma boa combinação para mim.
“Tea & Sympathy” foi a primeira de muitas músicas escritas durante aquela época na França. “Crazy Times”, que também acabou entrando para o “Much Afraid” e uma música chamada “Crossing Lines”, que acabou sendo gravada por Art Garfunkel e “Hymn”, que foi escrita no trem saindo de Paris.
3 comments:
To amando essa série sobre as músicas. Estava esperando qual seria a próxima.
Tea and Sympathy é uma das minhas favoritas, e uma das mais "doloridas" de ouvir. É sempre mais fácil deixar tudo a mágoa aparece, mas com certeza não é a melhor e mais corajosa atitude.
*Fiquei imaginando o Dan bebendo em toda bendita oportunidade que aparecia. Acho que minha imaginação nem chega perto de como foi... rss
Hahahahaha o Dan ficando muito alto com vinho deve ter sido O MÁXIMO! O melhor de tudo é que ele resolveu contar isso a todo mundo. Lembro-me há muitos anos, as pessoas comentavam de maneira condenadora sobre terem visto os membros da banda beber. O imediatismo do julgamento me irrita.
Tea & Sympathy tem a melodia tranquilizante. Ignorar a letra é tolice, aprender com ela é VIDA.
Dan chapado não pertence a este mundo, só pode. :P
Gostei de como foi gerada a idéia da música. Me lembrei que essa "falta de conhecimento" levou Kurt Cobain a gerar "Smell like Teen Spirit" sem saber que "Teen Spirit" era um perfume feminino. LOL
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