Tuesday, November 29, 2011

“Frail” (revisited)



Opa! De volta com mais explicações do Dan. Ele já havia postado sobre “Frail”, desde Outubro! Onde eu estava que não li sobre essa postagem? Essa música me dá vontade de xingar um palavrão! Eu poderia ter usado várias imagens para ilustrar fragilidade, mas resolvi usar uma rosa, já que a música usa a imagem de rosa. Sem falar que eu mesmo bati essa foto, numa época em que muitas coisas eram representativas para mim, acho que muitas já morreram como a rosa. De acordo com o texto, acho que estou mais forte, talvez mais amargo, sem dúvida mais sensível, um pouco receoso. Temos mais análises dessa música, compartilhadas entre nós, amigos fãs da banda. Acredito que é uma das letras que mais debatemos ao longo dos anos. Ela é inesgotável.

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Desde a primeira vez que ouvi essa música, eu quis que o Jars fizesse algo com ela.


O violão com arranjos hipnóticos veio de uma fita cassette do Steve. Ele nem acreditava tanto nela assim. Acredito que ele estava apenas sendo humilde. Ele já tinha usado essa faixa como parte de uma apresentação de música que fez para conseguir uma bolsa na Faculdade Greenville College.


Mesmo não tendo acreditado tanto nela, ela tinha seu valor acadêmico de $300, que foi a recompensa que ganhou, como bolsa para a faculdade. Visto que ele passou os últimos anos daquela época, sob a névoa de artistas como Enigma, Deep Forest, Future Sound of London, a disposição dos arranjos evocava um grande senso de atmosfera e melancolia que precisava ser explorado mais adiante.


Então perguntei ao Steve se podíamos usar sua ideia e construir algo com ela. Ele concordou.


Então nos trancamos no estúdio do terceiro piso da faculdade, eu havia acabado de comprar um novo modelo de sintetizador, para incrementar nosso arsenal coletivo de teclados que no começo eram um Roland W-30, um Korg M1, um Korg 01W, que incluiria ainda um Kurzweil K2000S. (Apenas citei os teclados, pois eles foram parte vital da experimentação do Jars no início dos anos 90.)


Frail não teria entrado para nenhum cd, se não fosse pelo arranjo obscuro que descobrimos no sintetizador K2000S. Entrou por causa daquele arranjo e um trecho de bateria que o Depeche Mode havia deixado nítido e livre para ser usado em seu cd “Songs of Faith & Devotion”.


Acredito que a gravação de "Frail" que está na demo original ainda é um de meus momentos preferidos daquele projeto. Mas por mais legal que fosse a gravação, eu sabia que ainda não havíamos terminado aquela faixa.


Mesmo não tendo gravado uma versão de "Frail" para o ST, o humor e espaço daquela música foram um gancho importante para todos os cds que fizemos. Continuaríamos escrevendo em cada cd, em busca de uma música que capturasse aquele humor. Nenhum cd parecia estar completo, sem o nosso momento “frail”.


O primeiro cd já tinha esse momento, com “Worlds Apart” e “Blind.”


Começamos a escrever para o cd “Much Afraid” em uma casa alugada por nosso gerente de desenvolvimento artístico. Foi uma das primeiras coisas que eu quis tentar resolver para o próximo cd. Era sem dúvidas uma tarefa preocupante. Eu não havia percebido quanto peso eu havia dado àquela música até o momento que tentei escrever a letra dela. Eu estava dolorosamente ciente de que a letra errada poderia arruinar aquele trabalho musical maravilhoso.


Eu não tive muitos momentos como aquele em minha vida. Nunca tive um momento igual, desde aquele. Eu sonhei com a letra de "Frail". Era quase uma ideia completa em minha mente. Acordei e escrevi em uma página em branco no final de um livro que eu estava lendo. Rasguei a página e a levei no dia seguinte, quando estávamos escrevendo.


Algumas pessoas olham para a vida e têm prazer em envelhecer. Outras pessoas fazem de tudo que podem para reverter qualquer efeito da idade. Sempre tive uma inclinação para o lado pesaroso de se envelhecer.


Isso nasceu de uma compreensão aguda tanto a partir da observação das demais pessoas próximas a mim, como de minha própria história de inocência interrompida. É a realidade de que a história humana está destinada a ter capítulos que nos fazem passar por sofrimento.


Vamos testemunhar e experimentar da vida, de formas que nos fazem crescer e nos fazem mais fortes, ou mais amargos, mais sensíveis, ou receosos. Vamos passar por isso e pelo momento que precede nossa entrada em lugares como esses, como descer uma rodovia, olhando adiante, onde uma tempestade cobre o caminho, então suspiramos.


Não podemos evitar a idade. Nem sequer sabemos o quão ingênuos fomos até que nossos olhos são abertos. Adentramos o sofrimento porque está em nosso DNA e é algo trançado tão cuidadosamente que não podemos evitá-lo. Negar que envelhecemos pode significar negar quem somos.


Ainda sinto aquele senso de pesar quando vejo crianças entrando na jornada, em sua maioria alheias às tempestades que se formam adiante. Sinto falta disso, mesmo quando me sinto grato por estar onde estou. Em tensão.


Este é o lugar onde “Frail” existe.


Há poucas músicas que eu sempre amei tocar noite após noite. Passei a amar os arranjos de cordas feitos por Ron Huff, produzidos por Stephen Lipson. Eu me lembro de não ter gostado tanto a princípio, pois pareceu grandioso demais. Eu queria algo simples. Mas passei a gostar deles, assim como passei a gostar de todo o cd Much Afraid.


Inclusive, enquanto escrevo isso, a música continua a crescer, neste momento em que a exploramos ainda mais, para nossa próxima turnê. Fique ligado. Texto original aqui.

Thursday, November 17, 2011

Work (by Juca)


Já que o Dan está demorando a explicar a próxima música, resolvi postar meus pensamentos sobre Work. Alguns já conhecem este texto, mas para outros será novo e espero que sirva de análise e reflexão.


Good Monsters” foi um divisor de águas e estremeceu as expectativas dos fãs, da melhor forma possível. Não só os fãs, mas o mundo da música. Muitos vão se lembrar que o cd já estava sendo premiado como melhor do ano, mesmo antes de 2006 terminar!


O cd praticamente explorou o yin e o yang da experiência humana, com profunda investigação musical e emocional. Seu rock melódico tanto gerou excitação, quanto acalmou.


Tudo indicava que a banda estava tomando uma nova direção (novamente, mas especialmente após o período acústico de “Furthermore”, “WWAI” e “Redemption Songs” - citações do Steve muito relevantes aqui). O prazer da banda em experimentar além dos campos familiares se tornou contagioso, derramando honestidade e liberdade a cada elemento de seu autêntico rock alternativo.


Emocionalmente falando, as faixas representam um conjunto despido, com material não moralista, instigador em seus temas, de expressão esotérica (tradução = profunda). Somos confrontados com um sentimento em tempo real por todo o cd, um lamento sobre o embotamento de espírito que epitoma o nosso dilema. As letras não retrocedem quanto às dúvidas honestas e medo da noite, mas denotam como até o questionar é um ato de entrega. Nossa luta não é removida da vida de fé, ela é um elemento inerente da verdade que de uma forma ou de outra, temos que procurar conduzir.


"Conectar-se com pessoas que estão dando o duro, abrindo mão de suas vidas pelo próximo, evitando a isolação, permitiu-me ver que há tanto um mal imensurável e um bem insondável, coabitando sob minha própria pele e é a Graça, misericórdia e a liberdade que me permitem ser não apenas um monstro, mas um bom monstro". Dan.



Work tem tudo a ver com a experiência que o Dan compartilhou em sua entrevista, para a Christianity Today, que eu traduzi para publicar no DotGospel;


Os temas passam por isolação, afastamento e como essa fuga nos priva de sermos honestos em nossos relacionamentos, quanto a nossas fraquezas.


Now all the demons look like prophets and I'm living out”

(agora todos os demônios se parecem com profetas e estou lançando fora)


Esse trecho mostra como alguém lida com momentos de isolação e as tentações que lhe sobrevêm. Usar a figura 'demônios' que se parecem com 'profetas' teria sido para ilustrar o que o Dan disse na entrevista. Esse afastamento da comunidade, da comunhão com as pessoas, faz com que você tente resolver seus problemas, medos, tentações e fraquezas, sozinho, como se pudéssemos lidar com essas questões numa relação vertical homem x Deus.


Na verdade, você se isolou, ouvindo unicamente a sua própria voz, da forma mais conveniente possível. Conveniência é justificar o seu erro, tomar o que é mau, por bom, errado, por certo ... mas o 'estou lançando fora tudo que proferem' seria uma reação às vozes citadas em "não posso confiar nestas vozes".


Por fim, elas são sua própria voz, seu próprio ego, tentando se resolver, sem qualquer resultado efetivo. Logo, a letra não fez nenhuma referência a seres espirituais e igrejas falidas. Ela é sobre relacionamentos, como base para tudo na vida.


Em Good Monsters, eles se viram neste momento que não ditava que eles tinham a obrigação de explicar o que cada linha de cada música queria dizer (na verdade, sempre foi assim). Quando davam algum insight sobre alguma música, é que consideravam que deveriam fazê-lo, o que não significa aquilo de que se abstiveram de comentar, não fosse tão importante quanto. (Dan sempre diz que prefere deixar as letras abertas à compreensão pessoal de cada ouvinte)


Para a banda, a mensagem de Work é um dos temas mais importantes que eles já tentaram comunicar em uma música, no que diz respeito a rechaçar os efeitos da isolação e a forma como tentamos entender como viver a vida sozinhos e tudo que fazemos da forma como as pessoas nos dizem, que pensamos que vai nos fazer sentir como se estivéssemos vivendo mais intensamente e experimentando mais da vida, experimentando mais amor do que queremos e devemos dar nesta vida, quando descobrimos que essas coisas não serão encontradas, ao fazermos o que as pessoas dizem nos domingos, ou tentando manter nossa reputação limpa, mas são encontradas quando compartilhamos nossas vidas uns com os outros e contamos nossa história e caminhamos juntos, desenvolvendo o que nós gostamos de chamar de 'comunhão'.


A música é um clamor pessoal de cada um e como banda, querem conhecer as pessoas e se darem a conhecer àqueles ao seu redor, tornando a vida mais significante e impactante, como resultado de quão bem sabem que são amados.


A frase "não quero ficar sozinho" está muito clara para quem leu a entrevista do Dan, para a Christianity Today.


Uma das frases mais ousadas do cd é "I'm not afraid of drowning ...", por ser tão direta quanto à morte. Penso que Paulo conseguiu chegar a esse ponto também, ao dizer que para ele “o viver era Cristo e o morrer era lucro”. “Respirar” (viver) realmente dá muito trabalho, afogar (morrer) não é mais algo assustador, diante da realidade de vida. "Respirar é que está me dando todo esse trabalho" é uma forma de dizer que expor-se, abrir-se, subir à superfície e se mostrar às pessoas é tão difícil para qualquer um de nós, que preferimos nos manter submersos, não nos damos a conhecer e afundamos em isolação.


Clipe oficial aqui

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Wednesday, July 27, 2011

River Constantine (revisited)


Se ignorarem o texto (quase impossível), pelo menos essas fotos vocês têm que amar oO Não existe explicação para a música River Constantine, só mesmo o Dan tem o direito de falar algo:


Acho que não importa os motivos, a casa era nossa e em vez de viajar para algum lugar exótico, com ilhas tropicais ou arquitetura histórica, agüentamos firme o inverno do meio-oeste, em uma típica casinha, à margem do campus do Luther College.


Talvez tenha sido o consentimento coletivo de que gostaríamos de expandir a nossa criatividade, ou porque estávamos muito inspirados com as opiniões da gravadora, tentando entrar em nosso processo criativo.


Sair do universo negocial da música e tentar ficar parado por tempo o bastante para se escrever algo com que valesse a pena se comprometer, para o novo cd, era nossa maior motivação.


Na verdade não tinha muito coisa em Decorah, IA, exceto o colégio. Sabíamos que não iríamos fazer muito além daquilo que deveríamos fazer. Depois de fazermos rastros de um trenó na neve e no gelo no jardim em frente à casa e comprar gorros de inverno, tipo de caça, com peles e de comer no único restaurante chinês da cidade, finalmente encontramos nosso espaço criativo.


Há um tipo de música que sempre procuro, quando começamos um cd novo. Uma música do tipo que eu anelo, busco e tento escrever de forma bela, bem no início do processo. No primeiro cd, essa música foi “Blind”. No segundo cd foi “Frail”.


Apesar de termos tentado escrever de uma perspectiva um pouco mais caprichosa, ou ironicamente imparcial, em nosso terceiro cd, era importante para mim, que o gancho do projeto ainda tivesse aquela alma introspectiva atrelada a ele.



Escrevemos algumas músicas naquela casa. “Headstrong”, “Goodbye, Goodnight”, “Famous Last Words” e River Constantine”.


A música parecia captar o que eu pensei ser apenas uma fome por algo que não mudava. Não que a vida de um músico e artista que viaja muito não seja animada e divertida, mas nada mais era como costumava ser. Não havia constantes, havia uma voz que parecia me encontrar em lugares mais silenciosos, em momentos em que eu era capaz de ouví-la. Ela estava sempre lá.


Mesmo quando eu me debatia com a ideia de fé e tinha um pouco de desgosto por tudo que era carismático, parecia que eu não conseguia negar a presença do Espírito Santo. Meu contexto para o Espírito Santo havia se tornado em uma presa das muitas circunstâncias em que eu observava as pessoas manipulando e forjando a Sua presença.


Eu não queria atribuir nada a tal espírito, porque eu não queria me colocar na companhia de pessoas que aprendi a repugnar.


Mesmo assim, eu não podia negar a presença do Espírito Santo. Parecia mais o tipo de voz que professa os mais ilógicos encorajamentos contra a corrente do momento e contra as evidências físicas que poderiam me deixar paralisado ou me fazer fugir de medo, ou aversão.




Valeu muito a pena escrever sobre isso, o que acabou se tornando em River Constantine.


A ilustração não era nova. Não havia nenhuma conexão real com Constantine, apesar de ter sido ele quem legalizou o Cristianismo em Roma, durante uma época em que a maioria dos fiéis eram brinquedos e eventualmente, comida para leões.


Foi uma forma poética de dizer 'constante'. Chamá-la do que eu sabia que ela era. Eu ainda estava feliz (não-apologeticamente) por escrever músicas, usando metáforas de água. Aquele se tornou um dos poucos momentos em “If I Left the Zoo”, em que não usei um tom severo ou sarcástico, quanto a conceitos religiosos e fé institucional.


Sou grato ao Dennis Herring pelos riscos que assumiu na produção dessa música. Continuo apaixonado pela bateria do Ben Mize.


Uma das performances dessa música com os demais, da qual me lembro com maior afeição, foi em um show improvisado, em um pequeno café, ligado ao campus. Aquela foi uma noite muito legal.


Saturday, July 23, 2011

Oh My God (revisited)

A foto acima te lembra algum lugar super legal no Brasil? Ou em algum outro país fantástico que você tenha visitado? Eu sei, ela me lembra isso também, mas essa foto é de Ruanda. Como muitos, sou ignorante sobre muitas coisas e eu só conseguia associar Ruanda a fotos de gente morta e caveiras e memoriais ... mais nada. Ruanda também tem felicidade e esperança em sua história. O texto abaixo é uma postagem feita pelo Dan, em seu blog, sobre a música "Oh My God". No texto ele fala da experiência que viveu, quando visitou Ruanda e como isso fez parte do processo de composição da música.


Havia algo especial no processo de criação, quando as ideias para “Good Monsters” começaram a se formar. Havíamos viajado bastante em turnê dos cds “Who We Are Instead” e “Redemption Songs”, como um simples quarteto. Deixamos a parte rítmica para trás e viajamos sozinhos e fizemos os shows com apenas os quatro tocando.


As razões porque fizemos isso eram muitas, mas finalmente concluímos que na verdade, estávamos nos sentindo insatisfeitos com nossos shows ao vivo. Era fácil conectar uma séria de músicas e então tocar rock 'n roll. Costumávamos a viajar pelo universo Jars of Clay com a filosofia de que uma boa música pode ser reduzida a um violão e um vocal e mesmo assim, ser desafiadora. Queríamos saber se nossas músicas ainda sobreviveriam a tal tipo de prova.


Então decidimos deixar de lado todos os eletrônicos e por dois anos, subimos nos palcos apenas com nossas vozes e violões.


Foi uma forma fantástica de nos lembrarmos da arte de ser sutil. Mesmo quando tocávamos em grandes festivais de música, subíamos no palco tentando ganhar o público com boas composições e performances carismáticas. Era assustador subir após o P.O.D., ou o Switchfoot, com toda a sua majestade própria de uma arena de rock, para tentar manter a energia em alta, com um Wurlitzer, dois violões, quatro vocais e ocasionalmente, um pandeiro, ou uma maraca. Tocamos até no Live8 com essa configuração, em frente de 1 milhão de pessoas nas ruas da Filadélfia. Tanto o Redemption Songs, como o Who We Are Instead foram cds que funcionaram muito bem nesse formato.


Durante aquela turnê, encontramos algo mais, quando abrimos mãos de toda a produção. Quando nossos shows se tornaram menos complicados, o mesmo aconteceu com as nossas vidas. Toda a correria do dia se foi e começamos a perceber que não nos conhecíamos muito bem. Os maiores recursos que tínhamos como banda, aquilo que tinha mais valor líquido em si, ela puramente a quantidade de tempo que já havíamos passado juntos. Quando olhamos para os longos dias e experiências malucas dos 12 anos, descobrimos que em algum dado momento, nós paramos de conversar uns com os outros. Então nos vimos carentes de comunhão, pois não havia comunhão.


Passei um bom tempo daqueles anos, envolvido com a Blood:Water Mission, viajando para a África, ficando sem fôlego por causa do tipo de fatos terríveis, com os quais eu não conseguia ficar em paz. Eu vi a profundidade da depravação em Ruanda. Estive ao lado da cama de homens que estavam à beira da morte. Vi crianças nos hospitais, deitadas em papelão, enquanto aguardavam pela morte de alguém. Talvez seriam as próximas na fila, à espera de uma cama, onde poderiam simplesmente morrer também.


Também percebi que eu fugia de tudo, por quase toda a minha vida. À moda Forrest Gump, eu parei. Decidi que eu não queria mais fugir e, quando parei, tudo mais me confrontou. As escolhas que fiz, as formas como tentei viver, como se Deus não fosse real, pessoas que machuquei e tinha vergonha de confrontar, tudo aquilo veio à tona. Era o reconhecimento com o mundo que eu havia criado e sobre o qual eu não tinha qualquer controle. Encontrei-me com o sofrimento e a solidão, Graça e Amor, de forma impressionante.


Não sei quantas vezes eu disse isso em entrevistas, há algo bom no questionar. Eu havia deixado de questionar por um tempo e naquele momento, os questionamentos super abundaram.


Gary Haugen do “International Justice Mission” me levou em uma viagem para as profundezas do Genocídio em Ruanda. Vi centenas de sapatinhos amontoados e ouvi as piores histórias, sobre o que acontece quando Deus retira sua mão de sobre a humanidade. Quando Deus nos permite ser aquilo que seríamos em nossa depravação, medo, ódio e violência se tornam em motivadores mortais. O que acontece quando impedimentos culturais são levantados? 800 mil pessoas golpeada até a morte, em menos de 100 dias.


Matt Odmark descreveu como se recuperou da experiência de caminhar sobre bancadas, pois o chão estava coberto de crânios e ossos humanos, deixados ali como um memorial para de alguma forma honrar os mortos.


Ele pensou nas orações de pessoas que não têm com que se defenderem. Qual tipo de oração fazem as pessoas que entendem que a mão de seu agressor não cessará? A oração é simples ”Oh Meu Deus, ressuscite aqueles que morreram”. Só isso importa. “Deus Amado, seja quem você disse que é”.


Naquela mesma época, nossos amigos Steve Garber e Oz Guinness estavam nos ajudando com diálogos sobre “O que temos que fazer”? Como transitamos por uma comunidade cristã que não recompensa artistas, ou os ajuda a serem inovadores? O que fazemos como artistas, quando 'descrever o mundo e a presença de Deus nele, não é tão importante para os manda-chuvas da indústria e da rádio?' Nossas culturas estavam mudando, nossas ideias estavam se formando. Mais questionamentos. Decidimos não adentrar nem mais um pouco na questão da adoração naquele momento. Decidimos que valia a pena arriscar a descrever o mundo onde havíamos estado nos últimos anos.


Good Monsters” é um cd sobre a dualidade do coração. Eu me lembro de quando observava fotos em Ruanda, com a consciência pela primeira vez de que eu era capaz de fazer o que parecia ser humanamente impossível. Podia ter sido eu. Eu poderia matar. Eu poderia ser o agressor. Foi devastador perceber que eu carregava a mesma doença crônica, daqueles que frequentemente escolhemos julgar.


Isso também representou um passo à frente, rumo à liberdade e vida em abundância. Nós nos escondemos das pessoas. Não desfrutamos totalmente de nós mesmos. Achamos que somos repugnantes e nos esforçamos ao máximo para apresentar versões de nós mesmos que são tão incompletas, que somos quase estranhos.


Achamos que se as pessoas não virem a nossa escuridão, não teremos que admiti-las. Isso requer muito trabalho. Desperdiçamos o que somos nos escondendo e nos resta muito pouco de nós mesmos, para amarmos.


Todas essas ideias giravam em minha cabeça e na cabeça de meus amigos da banda. Entramos em um quarto e colocamos cadeiras umas de frente às outras e começamos a escrever. As músicas que ali nasceram eram surpreendentes, assustadoras e vulneráveis. Aquele tipo de música só pode nascer dos questionamentos que importam, em tempos de despertar. Alguns questionamentos, quando encontrados, nunca nos deixarão. São como cascas que cobrem feridas profundas, quando as tiramos da pele, elas sangram vagarosamente, por toda a vida, mas nos lembram que estamos vivos, que sentimos e pensamos, abraçamos, inalamos e exalamos.


Oh My God” foi um ponto de convergência. As profundezas da depravação de meu coração, a dor por que passei neste mundo e a dor que observei por meio de histórias, imagens e lugares que vi na África, se encontram nessa música.


Esta é uma música em 3 partes.


Parte 1, apenas para preparar o clima.

...

Oh, my God, look around this place

Your fingers reach around the bone,

You set the break and set the tone,

For flights of grace and future falls,

In present pain, all fools say, “Oh My God.”


Oh my God, why are we so afraid

We make it worse when we don’t bleed

There is no cure for our disease

Turn a phrase and rise again, or fake your death and only tell your closest friends


Esses versos descrevem a condição humana: somos pessoas fatalmente feridas, tingidas pelo pecado, assoladas por uma fé rala, que às vezes não nos sustenta, em nossa busca por respostas claras, para o questionamento sobre a morte de Jesus e sua ressurreição. Duvidar da existência de Deus é parte de nossa história, como humanos.


Parte 2 da música:


Foi aqui na verdade, que a música começou. Matt trouxe um questionamento à banda, “Porque tantas pessoas assim usam a frase Oh My God? E então começamos a pensar nas mais diversas pessoas que usam essa frase e a nos perguntar se podíamos falar disso em uma música.


É incrível como uma pessoa consegue usar a mesma frase, como um xingamento, ou como uma afirmação. Essas três palavras podem ser usadas em parte de nosso contentamento e desejos mais profundos.


Portanto, meretrizes e anjos e todos na letra a usam. Pessoas que acreditam mesmo em Deus e pessoas que não, ainda se pegam usando essa frase.


Parte 3:


Essa é a parte extravagante.


É por isso que eu, naquela época, falei aquelas palavras. Não escolhi a letra de propósito. A música só havia sido tocada uma vez no estúdio. A letra foi escrita em questão de segundos cantando. Esse é um agrupamento de palavras do nível mais intrínseco e foi a forma que encontramos de ampliar todos os questionamentos que eu havia armazenado e me esquecido, lembrando-me e combatendo-os. Finalmente, ela termina com um questionamento, assim como começou.


Tocamos essa música duas vezes. Não a editamos para o cd, ou acrescentamos muito. Ela continua sendo uma de minhas músicas favoritas nos shows.

...

Tuesday, June 28, 2011

Overjoyed (revisited)


Confesso que achei que seria uma boa idéia usar este painel com os nomes de Deus, por ter o meu nome ali embaixo "Messiah" e porque é bom saber os nomes de Deus também. Alguns são muito bonitos, outros bem bíblicos, outros que não entendo, mas todos revelam alguma característica dEle. "Messias" significa "Ungido/ Capacitado", é bom ser relembrado disso às vezes. "Juca" não sei o significado, mas é meu apelido ... talvez signifique que eu sou um vômito, mas isso é subjetivo também. Chega de minha abertura e vamos ler o texto sobre Overjoyed, que é MARAVILHOSO.



"Nomes são importantes. Não sei quando foi a primeira vez que li sobre isso, ou como se tornou um foco para o processo de composição dessa música. Eu acho que teve muito a ver com o estado em que eu me encontrava, durante a temporada em que escrevíamos as músicas do Much Afraid.


As pessoas passam toda uma vida enterradas sob o peso de seus nomes. Em várias tradições culturais, as pessoas são batizadas de acordo com aquilo a que deverão aspirar ser, ou daquele de quem serão um reflexo. Um grande homem poderia carregar seu nome por gerações e seus descendentes homônimos ficariam presos às expectativas que ele evocasse.


Há pessoas que podem falar muito a respeito de outras, apenas pela forma como elas assinam. Por exemplo, uma assinatura que mantém seu primeiro nome intacto e abrevia os sobrenomes, indicaria menos apego à família, ou que a identidade individual dessa pessoa é mais vital do que a comunidade em que vive.


Nomes contam muito. Deus deu nomes às pessoas que representavam características de Seu relacionamento com aquela pessoa. Fazendo uma pesquisa sobre nomes, obviamente a tendência foi procurar por meu próprio nome.


Daniel. Eu fiquei bastante intimidado pela ideia de que meu nome tinha um significado. Aprendi que o significado de meu nome era “Julgado por Deus”. Acredito que, fora do contexto, qualquer um se sentiria sufocado com esse significado, mas é a revelação que acompanha o nome que de fato se tornou o catalisador para “Overjoyed”.


Dependendo da visão de Deus que se tem, o nome Daniel seria problemático, ou incrivelmente vivificador.


Em uma conversa com um amigo, comecei a falar de nomes e significados. Ele disse que meu nome era um alívio. “Deve ser um alívio saber que você não nunca terá que passar pelo julgamento das pessoas. Sua identidade, valor e retidão vêm inteiramente de Deus. Ele te libertou e te lembra que somente ele pode lidar com suas falhas e desobediências”, disse ele.


Aquilo pareceu ser o bastante a respeito do que cantar. Naquela época de grande depressão, quando tudo que não é verdade sobre uma pessoa de alguma forma passa a parecer mais verdadeiro, ser lembrado de que somente Deus será meu juiz e que Ele somente vai lidar justamente com minhas ofensas, pode ter sido a diferença entre os fragmentos de luz e trevas aparentemente infinitas.


A outra parte que é difícil é o ato de acreditar que Deus é um juiz justo e um Deus de amor que age segundo caminhos que nem sequer podemos imaginar e que aquilo será melhor para nós. Essa parte é dura.


Há desespero na letra dessa música. Como já havia falado antes, às vezes cantamos sobre algo que é verdade porque acreditamos, outras vezes falamos do que é verdade de forma a sermos convencidos de que aquilo é verdade.


Essa foi a primeira música que as pessoas ouviram quando pegaram sua cópia de um cd batizado e atrelado ao peso de algo que aconteceu antes de seu lançamento. Jars of Clay tinha expectativas com ela. Essa foi a primeira música que as pessoas ouviram e a primeira a causar nelas uma reação, após ouvirem. Foi o momento que todos sabiam que o Jars não iria repetir o que fora gravado anteriormente.


Foram três anos entre a gravação do primeiro cd e "Much Afraid". Muitas coisas acontecem em três anos. Convidamos nossos amigos Mark Hudson, que trabalhou com Aerosmith e Bon Jovi. Convidamos Greg Wells, que estava à frente da banda K.D. Lang. Steve quis usar uma guitarra, por isso briguei com ele. Meu argumento foi que o som acústico de violões era a marca do "Jars of Clay". Colocar uma guitarra normalizaria o que fazíamos e faria com que soássemos como qualquer outra banda. Mesmo assim, o fato incontestável sobre o Jars é que somos o "Jars of Clay", não importa o instrumento que toquemos.


Jars é uma banda ímpar por muitos motivos. Apenas precisávamos encontrar essas razões. O produtor Stephen Lipson soube lidar bem com o conflito. Obviamente, isso foi resolvido.


A música foi bastante influenciada pelos Beatles e uma banda chamada Dodgy, que todos ouvimos muito em Londres, enquanto gravávamos o cd. Eles não continuaram, no entanto. O Oasis roubou a cena. Se conseguir encontrar, ouça a música "If You're Thinking Of Me". Uma brilhante melodia, ótima letra e uma grande influência para nós.


(...)

Turnê do Jars no Brasil, 2011, leia aqui.

Saturday, June 18, 2011

Jars of Clay em Turnê Brasileira

Postagem revisada em 02 de Setembro.

22 Set ... Belo Horizonte, MG
23 Set ... Goiânia, GO (info aqui) ... a partir de R$15 o ingresso
24 Set ... Recife, PE (info aqui) ... ingressos avulsos a R$30.00 (limite de 300)

A notícia já está por todo lado! Demorou, mas confirmaram os 3 shows. Não é novidade para ninguém que eu sou apaixonado com o trabalho do Jars of Clay e que estou muito feliz por saber que eles virão ao Brasil e poderei revê-los, em meu próprio país.

Recife já estava confirmado, dentro da Conferência Oxigênio 2011, São Paulo também estava nos planos, junto com Belo Horizonte, mas São Paulo foi cancelado. Como eu disse, eu não ficaria surpreso se as cidades sofressem alguma mudança, mas enquanto isso não acontece, sugiro que façam uma divulgação massiva pela internet, redes sociais, colégios, igrejas, casas de eventos, estações de rádio e TV etc.

Tenho certeza que todos que se identificam com o trabalho do Jars of Clay se importam com o bem estar e sentimento de que são benvindos, pela primeira vez, em nosso país, para retornar nos próximos anos.

Sugiro que aqueles que usam Twitter, passem a utilizar a hashtag #jarsofbrazil, de forma que a publicidade deles e até eles mesmo, possam perceber como estamos trabalhando e empolgados para que os shows sejam um sucesso.

Alguns fãs da banda, que podem lhe ajudar com a divulgação e que estarão nos shows são:

Em São Paulo:

Cah @pimpolhacah
Joyce @JhoyRodrigues
Zee @zee_giesbrecht
Dani @DaniiiLopess
Ricardo
@sh4jesusfreak
André @andreschimidt

No Sul

Jeff @jefbernardino
Driko @tcheadriano
Matheus @matheuspaulo
[dono da comunidade Jars of Clay Brasil no Orkut]
Sammy @sammysantino

No Nordeste

Paulo @pcfranca
Manu @manusinia

Em Brasília

Rafa @jarsgirl_r
Luh @jarsgirl21

Em Belo Horizonte

Juca @jucaofclay
Jenny @jennydeoliveira
Wendell
@wendell_reis

Para ajudar na promoção, fiz uma Biografia geral da trajetória da banda, como segue.

Estou à disposição de todos para ajudar no que for preciso.

Jars of Clay

A banda Jars of Clay começou no Greenville College em Greenville, IL quando quatro jovens se encontraram e descobriram a amizade através da música. Eles se especializaram em "Música Contemporânea", um departamento até então recente no colégio. Charlie Lowell, Dan Haseltine e Matt Bronleewe estudaram lá em 1992 e tocaram em várias bandas e produziam seus próprios projetos em estúdio.

Quando Stephen Mason apareceu na cena em Setembro de 1993 e possuía interesses similares por música, eles decidiram escrever uma música juntos, "só por diversão". Dan chegou a conhecer o Stephen porque ele estava vestindo uma camisa escrita "Toad the Wet Sprocket", uma banda que ambos admiravam por seu som incomparável. A banda escreveu e gravou uma música chamada "Fade to Grey", a qual incluía amostras de bateria, uma canção que com uma levada techno. Era apenas um projeto de estúdio, apenas para reconhecimento numa aula de gravação. Seus amigos gostaram da música e então eles a tocaram no fim de Outubro, num Café no colégio chamado "Underground Cafe", o que eles fizeram para arrecadar dinheiro para casas de desabrigados e para grupos de assistência a prisões. O "Underground" era o dormitório onde a maioria dos formandos de música habitavam. A banda continuou a fazer aulas e quando eles arrumaram um tempo, decidiram tocar "Little Drummer Boy" no Underground Cafe no dia 7 de Dezembro, visto que estava próximo da temporada de Natal. Uma versão estranha e modificada de "Rudolph the Red-Nosed Reindeer" também havia sido tocada naquela noite, com a melodia de "Smells Like Teen Spirit" do Nirvana.

Logo após as férias de Natal, os quatro decidiram que gostariam de escrever mais músicas para colocarem em seu repertório ao vivo e satisfazer às exigências de suas aulas de gravação de estúdio, mas acharam que seria apropriado dar um nome a estas colaborações. Charlie lembrou-se de um versículo, que falava sobre a fragilidade do homem e como o sopro de vida estava em nossos corpos físicos. Esta passagem incluía a frase "Jars of Clay". A banda achou que seria uma boa maneira para manterem-se humildes.

Nisso, em Janeiro de 1994, nasceu a banda Jars of Clay. "Love Song for a Savior", uma música pop e cativante, ficou bastante popular entre os colegas. Na escola, Dan havia lido um livro chamado "Death by Child Abuse" de Ursula Sunshine. O livro detalhava a luta pela sobrevivência de uma garotinha que havia sido abusada e morta por um membro da família. Isto tocou seu coração e a banda quis escrever não sobre os fatos deprimentes pelos quais ela passou, mas sobre a esperança que temos, apesar dos problemas que o mundo tem.

Eles escreveram "He" em Março e então a gravaram. Depois disso, eles fizeram um pequeno show na Tower Grove Christian School em St. Louis no dia 18 de Março e agendaram um show em Trenton, IL para o dia 23 de Março. Além disso, fizeram um show na cidade natal de Steve e dois shows em Six Flags num festival de música. As aulas continuaram e a banda lutava por um tempo para escreverem juntos. Charlie leu uma matéria sobre um concurso de talentos, o qual ele pensou que seria legal participar - e não tinha nenhuma idéia de que seriam escolhidos para tocarem ao vivo meses depois, em Nashville para gravadoras. Dez bandas finalistas foram escolhidas de todos os Cds demo enviados e a banda Jars of Clay foi escolhida para ser uma delas.

Em 27 de Abril de 1994, Jars of Clay tocou no festival no 328 Performance Hall em Nashville, TN. Esta apresentação foi o teste final do concurso de melhor nova banda na categoria. O Jars passou no teste e conseguiu o grande prêmio. Eles tocaram "Fade to Grey" e "Like a Child", acompanhado de gestos e usando bicos de bebê em suas bocas e foram muito bem recebidos pelas gravadoras que estavam presente. Além disso, em Abril, a banda decidiu terminar o CD demo que recebeu o título de Frail. Eles fizeram 1.000 cópias para amigos e membros de família compararem e tiveram uma pequena festa de lançamento na escola. As cópias se esgotaram rápido e em Junho, eles fizeram mais 500 para gravadoras e para aqueles que não conseguiram obter uma cópia na primeira vez.

A banda então decidiu que eles deveriam correr pela avenida da música e se mudaram para Nashville, deixando pendente seu curso na faculdade. Matt Bronleewe decidiu continuar seus estudos naquele momento e ia se casar, portanto decidiu não se mudar para Nashville com a banda. Visto que o som da banda incluía um dueto de violões acústicos, foi necessário encontrar um novo membro para preencher o espaço e o melhor amigo de Charlie decidiu, após muito debate, unir-se à banda e mudar-se para Nashville, em Agosto. Matt Odmark foi professor de Inglês, da Universidade de Rochester, mas gostava de tocar violão em pequenos cafés. Sua adaptação dentro da banda foi difícil, devido a sua falta de envolvimento na indústria da música, mas em Agosto, os membros estavam bastante confortáveis juntos, enquanto viviam em quarteirões próximos, num apartamento pequeno de dois quartos em Antioch, TN. Eles também conseguiram empregos naquele período, em lugares como pizzarias, lojas de shoppings e depósitos de livro, enquanto aguardavam o contrato e ficavam a imaginar se eles realmente um dia poderiam assinar com uma gravadora. Eles promoviam seu CD demo e encontraram-se com muitas gravadoras durante o verão, negociaram os contratos em potencial com um advogado, durante o outono e finalmente no inverno, assinaram com a Essential Records, uma divisão da Brentwood Music (hoje chamada de Provident Records).

Este foi um passo inesperado para a banda, visto que a Essential era a menor gravadora com quem eles fizeram entrevista. Além disso, a Essential possuía poder sólido de apoio da maior gravadora, que era a Brentwood Music, que a comprou e utilizou outro distribuidor, a Silvertone Records de Zomba/Jive, para atingir uma público maior.

Uma médica da Essential, que era uma boa amigos deles, era sobrinha do guitarrista e engenhoso compositor Adrian Belew. Ele entregou o CD demo Frail a ele, que ficou muito impressionado e decidiu produzir algumas canções para o álbum. Sua colaborações anteriores com Laurie Anderson, The Talking Heads, Nine Inch Nails, David Bowie, Frank Zappa e envolvimento durante um longo tempo com King Crimson, sem mencionar diversos álbuns solo, fez dele um dos principais candidatos a produtor. Eles decidiram que ele produziria "Flood" e "Liquid", as canções mais alternativas e auto-produziram as demais músicas do CD, por causa da falta de dinheiro. Muitos músicos de estúdio vieram para preencherem os espaços e Ron Huff fez ótimos arranjos de corda para ornamentar as músicas e dar a eles sua qualidade orquestral incomparável. O primeiro single do álbum de estréia foi "Flood" que ficou como o no. 1 das paradas por um longo tempo. A banda recebeu elogios da alta crítica em diversas revistas e outras fontes, devidos às harmonias exclusivas e instrumentação no CD e também por sua honestidade extrema e letras relacionais, que discutiam situações reais da vida, que nos coloca em difíceis desafios.

Enquanto isso, mais rádios perceberam a popularidade da música e algumas começaram a tocá-la. Foi então que a Essential Records decidiu usar o selo coligado Silvertone, para promover o álbum e enviou CDs singles para as diversas rádios.

Muitas das estações de rádio amaram o single e começaram a tocar regularmente, pois os telefones tocavam constantemente com ouvintes curiosos, perguntando de quem era a música. Jars of Clay havia tocado então em alguns festivais no verão de 1995 e decidiram assinar novamente para abrirem shows do PFR e Brent Bourgeois.

1996 foi o ano de intenso sucesso para a banda. "Flood" chegou à posição #1 em diversas rádios seculares, devido a sua popularidade no noroeste dos EUA, onde muitas bandas alternativas eram populares e o álbum permaneceu no top 60 por quase o ano todo, também permaneceu no Top 200 da Billboard por um período completo de 52 semanas. O CD virou disco de ouro e rapidamente atingiu o status de disco de platina. O álbum de estréia vendeu até então, aproximadamente 2.000.000 de cópias.

A banda programou uma turnê inicial bastante profissional em teatros como The Roxy and House of Blues para o outono de 1996. Eles compararam seu próprio equipamento de som e luzes e tiveram com eles Roddy Chiong, um violonista, na turnê, para abrir os shows com uma apresentação de violino clássico e usando cenários como cortinas dobradas, tapetes orientais e castiçais. A banda The Samples abriu os shows nas primeiras semanas e logo foram retirados da turnê, por uma incompatibilidade com o Jars e bem como com seu público. The Gufs foi uma banda de abertura legal para os shows e muitas outras bandas abriram os shows do Jars durante aquele tempo também, incluindo Sarah Masen, Duncan Sheik, Matchbox 20 e Sarah Jahn.

No final de 1996, a banda estava desgastada por causa da turnê e precisavam de material novo para seu próximo trabalho, então começaram a escrever novas músicas para usarem em um novo CD. Eles entrevistaram muitos produtores e decidiram-se por Steve Lipson, que havia produzido para Simple Minds, Prefab Sprout, Annie Lennox e muitos outros. Lipson veio e ajudou a desenvolver o CD nos estúdios Xanadu, fora de Nashville. Depois deste período, eles continuaram a fazer turnês esporadicamente e fizeram viagens ocasionais a Londres, onde Lipson reside, para mixarem o CD em seu estúdio. Este CD foi feito numa parte meio triste da Inglaterra, quando os caras estavam longe de suas esposas - vindo portanto daí os sons e temas ocasionalmente obscuros. Apesar de que a banda estava muito feliz com o CD, Much Afraid não vendeu tantas cópias quanto o primeiro CD (apesar de também ter alcançado disco de platina). Se bem que ele era demasiadamente perfeito com uma super-produção para os ouvidos da maioria dos ouvintes de pop de rádio. Ele teve a quantidade normal de hits e Five Candles & Crazy Times podiam ser ouvidas ocasionalmente em outras rádios. A banda também realizou diversos trabalhos com empresas cinematográficas durante este período e foram convidados a participar da trilha de vários filmes. Entre elas: Hard Rain ("Flood"), Liar Liar ("Five Candles"), Long Kiss Goodnight ("The Chair"), Jack Frost ("Five Candles"), e Prince of Egypt ("Everything in Between"). A era do Much Afraid também trouxe para os caras um Grammy de melhor álbum na categoria e tiveram o privilégio de tocar Fade to Grey com uma orquestra no Dove Awards de 98. Além disso, eles fizeram mais algumas turnês principais: "The Bubblemaker's Dream Tour" (Outono de 97/Primavera de 98) e a turnê "Tour 101: Back to Basics" (Outono de 98/Primavera de 99). Eles agendaram também um show especial no Ryman Auditorium em Nashville com a Nashville String Machine, onde gravaram um CD duplo especial para o fã-clube chamado Stringtown. Isto fez com eles lançassem um fã-clube internacional que tem tido grande sucesso desde então.

Isto nos traz até 1999, quando a banda escreveu talvez seu mais emocionante álbum até o momento: If I Left the Zoo. Salvas as turnês, o processo de composição para o novo CD e seus casamentos, o Jars teve pouquíssimo tempo livre para ajudar outros artistas. A maioria deles apareceu na canção feita com Jonathan Noel, "Hand" e o Charlie tocou alguns acordes em programas de TV com o Sixpence None the Richer.

Joe Porter foi recebido como novo baterista para substituir Scott Savage. Eles continuam grandes amigos e Scott inclusive substituiu Joe em algumas ocasiões.

If I Left the Zoo foi um projeto super empolgante e experimental, gravado com o produtor Dennis Herring (Counting Crows, Innocence Mission, Cracker) em Oxford, MS. O título refere-se ao mundo como um zoológico e o álbum, como a maioria dos trabalhos do Jars, é cheio de metáforas e figuras líricas. O título refere-se ao que potencialmente poderia ser alcançado se deixássemos nossas atuais áreas de conforto. Escrito a partir de um ponto de vista, com que todos podemos nos relacionar.

Seu próximo trabalho, The Eleventh Hour, seria o primeiro cd inteiramente produzido pela banda, desde letras e instrumentações, até a arte de capa. Para muitos, esse cd foi o som mais pop e modesto da banda até então, que veio acompanhado de um dvd, The 11th Live, Jars of Clay in concert. Seguindo essa fase, lançaram o cd duplo ao vivo/acústico, Furthermore, from the Studio and From the stage, que arrecadou novos admiradores e reforçou laços com o público mais apaixonado por seu som folk acústico e performances ao vivo.

Who we are instead manteve a linha acústica do último trabalho, com novas texturas vocais e melódicas, precedendo um trabalho ousado de covers eclesiásticos antigos, chamado Redemption Songs. Naquele período, a banda sentiu que deveriam retornar aos sons pesados de seus primeiros álbums e lançaram o então grandemente admirado Good Monsters, com experimentação progressiva e texturas de brit-pop. Good Monsters selou o final de seu contrato com a Essential Records, quando a banda lançou uma coletânea de melhores hits, The Greatest Hits e ainda foi honrada com um cd duplo de maiores hits de todos os tempos, da coleção Essential, chamada The Essential Jars of Clay.

Já independentes, a banda se lançou em um projeto há muito sonhado, que foi seu cd completo de canções natalinas, Christmas Songs, lançado no final de 2007. Seguido do EP Closer, que já propunha a direção em que o próximo grande cd de estúdio seguiria. Sons pops, reminiscentes dos anos 80, com uso de sintetizadores, demonstrando as mais fortes influências dos membros da banda. O projeto se chamou The Long Fall Back to Earth, que dava continuidade aos temas sobre relacionamentos e comunidade, iniciados em Good Monsters.

Em 2010, para selar os 15 anos de banda, uma coletânea de 4 EPs ao vivo, gravados em estúdio, começou a ser lançada, um a um, sendo o primeiro com músicas do último projeto, The Long Fall Back to Earth, o segundo seria um retorno ao seu primeiro cd, o terceiro de canções Natalinas, lançadas em Dezembro 2010 e o quarto uma coletânea de canções de grande peso e profundidade na carreira da banda, lançado no início de 2011.

Além dos 4 EPs, a banda lançou sua mais nova contribuição com a música, um esforço com inúmeros nomes da cena musical de Nashville, TN, chamado The Shelter, com temas voltados especificamente para a necessidade de se estabalecer comunidades e interdependência entre pessoas. O cd foi lançado em 5 de Outubro de 2010. Desde seu lançamento, a banda esteve em pelo menos 2 grandes turnês para promoção de The Shelter e no momento estão se reunindo para compor canções para o próximo projeto.